quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do desmatamento a alta do preço da carne.

O desmatamento na Amazônia caiu praticamente pela metade nos últimos dois anos, graças à “porrada no boi pirata”, como diz o ex-ministro do Meio Ambiente, Caros Minc, durante a COP-16, Conferência do Clima, em Cancún, no México. Segundo ele, o passo urgente agora é colocar em prática o protocolo da carne legal, que retira dos supermercados carnes provenientes de fazendas que invadem e desmatam para criar pastagens.
A pecuária é a maior causa de desmatamento na região. O ex-ministro conta que uma das medidas para combater a destruição da floresta foi a assinatura, em dezembro do ano passado, do protocolo carne legal, com a associação brasileira de supermercados.
“O protocolo indicava que, em um ano, iríamos tirar da prateleira a carne de origem ilegal. Esse prazo já venceu, mas os produtores de carne estão pedindo um adiamento. Estão querendo postergar mais um ano alegando uma série de dificuldades”, denuncia.
A medida prevê a certificação da carne bovina para identificar sua origem e atestar que ela não vem de uma fazenda ilegal, que desmata a Amazônia. Minc lembra que a análise é em toda a cadeia, desde a fazenda de engorda até o frigorífico. “Um produtor pequeno ainda não ter condições de ser certificado não é motivo para não aplicarmos a medida para todas as outras, bem maiores”.
Além do combate pesado na venda do produto, Minc enquanto ministro também fortaleceu a coordenação de exército e aeronauta para fiscalizar a região e fez leilões dos bois e madeiras ilegais apreendidos.
“Diminuir o desmatamento foi uma combinação de duas linhas. Primeiro pancada e leilões para pegar no bolso, para mostrar que o crime ambiental não compensa. Mas ao mesmo tempo é preciso dar alternativas para se fazer a coisa certa. Exemplos disso são o Fundo Amazônia, o preço mínimo para produtos extrativistas, o pacto da soja legal, e a operação arco verde”, explica.
Ele ainda destaca que a agricultura brasileira dobrou de produção aumentando 6% a área plantada nos últimos 15 anos. “Aumentamos a intensidade da agricultura, não sua extensão”.
A meta do governo é reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. O processo está acelerado, os números atuais correspondem aos previstos para 2015.

Lilian Ferreira Em Cancún (México)

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