Ficamos atônitos de ver os acontecimentos da semana passada no Rio de Janeiro, em verdadeiro estado de guerra. Alguns se indagavam: é algum trailler do filme “Tropa de Elite 3?” Não. Nada de Hollywood. Aquilo é a realidade, nua e crua.
Os fatos como são, sem maquiagem. As tevês expuseram a terrível chaga social do crime organizado, e a ação policial foi inevitável, imprescindível para estancar um cancro que há muito vem se alastrando em quase todas as grandes cidades do País, de modo especial no sudeste.
O crime organizado tornou-se um poder paralelo ao Estado, que aterroriza a população, como vimos nas inúmeras reportagens apresentadas na televisão, nesses dias.
Se por um lado a explosão do barril de pólvora chocou a todos, por outro percebemos que foi possível uma reação da segurança pública, articulada com outros parceiros, especialmente as Forças Armadas, numa ação que merece o nosso aplauso, pela decisão acertada da intervenção no Morro do Alemão, decisão política de risco, mas que as autoridades competentes não titubearam em agir rápido, e o mais importante, com recursos e tecnologias adequadas para a eficácia necessária.
Isso tudo mostrou que quando há vontade política do poder público, determinação e seriedade, as coisas acontecem, e o povo deixa de ficar vulnerável e refém de um tipo de terrorismo urbano que flagela a população, que quer trabalhar, estudar, enfim, viver com o mínimo de dignidade.
Por um momento, ficou evidente o alívio de muitos moradores da Penha, da Vila Cruzeiro e do Morro do Alemão, que colaboraram com a polícia, porque não concordam e não agüentam mais com aquele tipo de vida desumana.
A intervenção e ocupação se fizeram necessárias e deram uma demonstração de que temos condições de viabilizar uma política de segurança pública com polícia de inteligências, nos três níveis (municipal, estadual e federal), para enfrentarmos com coragem e competência a violência urbana no País.
Torçamos para que não cessem os esforços nesse sentido, e que tais iniciativas não sejam circunstanciais e paliativas, mas o início de uma política de segurança pública permanente, com estratégias e ações que visem resgatar a dignidade da pessoa humana, em meio a tanta vulnerabilidade.
Valmor Bolan é Doutor em sociologia
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