sábado, 1 de janeiro de 2011

Alguns alertas vermelhos



O Brasil é bipolar. Dilma herda um país com muitas desigualdades: metade da população não tem rede de esgoto, a educação continua de baixa qualidade, segundo dados recentes do PISA - o programa internacional que avalia sistemas educacionais - e os impostos estão entre os mais altos do mundo. Por isso, no discurso de vitória, a 31 de Outubro, ela reiterou que essas seriam as prioridades do Governo. Este Brasil pujante foi estrutu- rado sem se utilizarem todas as boas práticas de gestão pública. Rousseff herda erros que terá de corrigir e problemas que, a prazo, podem desequilibrar o sucesso brasileiro, como o peso da máquina pública. Lula aparelhou o Estado com uma nova classe social: a do sindicalista, conforme dava conta uma reportagem da revista Isto É em meados deste ano. Vícios entranhados.
Depois, há reformas estruturais necessárias para sustentar o crescimento do país. Espera-se que o objectivo da política económica regresse à austeridade fiscal, sustentada na redução de despesas admi- nistrativas. Outro grande desafio para a nova presidente é promover a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional que tem vindo a ser prejudicada por causa da valorização da moeda brasi-leira. E o Brasil precisa, ainda, de qualificar a mão de obra para responder às exigências de competitividade de uma economia que está a sair do modelo agrícola e industrial para uma economia de serviços.
Entretanto, o PAC é ainda um tímido programa de desenvolvimento. E o país precisa modernizar a infra-estrutura para assegurar o ritmo acelerado e responder às necessidades dos grandes eventos desportivos dos próximos anos. Os aeroportos brasileiros, por exemplo, estão sobrelotados. As vias rodoviárias que unem o país ou são precárias ou inexistentes.
Dilma herda ainda as armadilhas do elevado gasto público e a necessidade de redução das taxas de juro, bem como os velhos vícios da política brasileira. Lula pouco ou nada fez para melhorar os padrões de relação entre o poder executivo e o Congresso Nacional, hoje, significativamente fragmentado, criando estabilidade. É com ele que Rousseff vai ter de dialogar para poder dar continuidade ao legado Lula. Sem desiludir.

 

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